bpexcelencia.blogspot.com tem a função de trazer informação útil sobre as atividades dos setores regulados (farmacêutico alimentício e cosmético)
no sentido de ajudar no desempenho, demonstração e manutenção do estado de certificação das Boas Práticas
através de artigos com abordagens estratégicas, comentários, tópicos de treinamentos, ferramentas e estudos de caso.
Assim como informações sobre a conduta e desenvolvimento das pessoas envolvidas neste segmento.

sábado, 1 de junho de 2013

ATUALIZAÇÃO DAS NORMAS BPF DA UNIÃO EUROPÉIA.



DIÁRIO DE BORDO: Após um longo período de revisão e muitas versões em rascunho, o capítulo 1 referente à Gestão de Qualidade das Boas Práticas de Fabricação da Comunidade Europeia (EU-BPF) entrou em vigor em 31 de Janeiro de 2013. Segue abaixo um resumo das maiores mudanças.

TÍTULO: o título do capítulo passou de “Gerenciamento da Qualidade” para “Sistema farmacêutico da Qualidade”.

ICH Q10: A nova norma traz uma série de elementos-chave e muitas referências provenientes da guia ICH Q10 sobre "Sistemas de qualidade farmacêutica". A guia ICH Q10 foi planejada para se tornar o novo anexo 21 das BPF da União Européia, mas por algum outro motivo foi movido (juntamente com o Anexo 20 sobre Gestão de Riscos) para uma nova Parte 3 desta norma de BPF.

PRINCÍPIOS: Sem grandes mudanças nesta parte, a não ser uma atualização para cobrir o fato do cumprimento (quando aplicável) para com a “Autorização de Ensaio Clínico” em vez de “Autorização de Mercado para Materiais de Ensaios Clínicos”. Interessante é a menção da alta administração que neste novo capítulo é efetuada por três vezes dando maior ênfase de que a alta administração deve ter uma participação ativa no Sistema de Gestão da Qualidade.

SISTEMA FARMACÊUTICO DA QUALIDADE: Este foi capítulo que teve as maiores mudanças. A maioria dos requisitos da versão anterior foi mantida, mas nestes seis novos itens da nova norma há uma maior profundidade de cobertura do que é um Sistema de Gestão da Qualidade Farmacêutica é. Seguem abaixo as principais mudanças:

• Reforça a importância de considerar as BPF, não só na fase de fabricação, mas também durante o desenvolvimento, transferência de tecnologia e descontinuação do produto (item 1.2) seguindo o espírito da guia ICH Q10;

• Menciona explicitamente a prática da ferramenta de melhoria contínua do sistema (item 1.2 e item 1.4 XII). Tradicionalmente as BPF da Europa não promoviam ativamente esta ferramenta;

• Reforço no processo do conhecimento (1.4 II), no desempenho do processo (1.4 VIII) e monitoramento nos processos (1.4 IX) de acordo com os princípios da ISO 9001;
• Maior importância no controle de fornecedores, na cadeia de abastecimento e todas as atividades terceirizadas (1.4 VI e VII) de acordo com as preocupações das agências reguladoras;

• Maior importância no Controle de Mudanças tanto antes de serem tomadas e depois (1.4 XIII e XIV);

• Menciona a análise de causa-raiz de problemas (1.4 XV). Nesta seção também é possível ver a primeira menção nas EU-BPF sobre erro humano e sistema CAPA. Estes três termos não eram mencionados nas versões anteriores;

• Solicita um papel atuante do nível gerencial no que se refere à responsabilidade pelo Sistema de Gestão da Qualidade com a definição de papéis e responsabilidades e da garantia de que estas sejam definidas, comunicadas e implementadas em toda a organização. Digno de nota é que esta é a primeira vez que se menciona o termo "comunicação" nas EU-BPF sugerindo fortemente o SGQ se estende a toda a organização, e não apenas as áreas de BPF;

• formaliza a “Revisão pela Gestão” (1.6), outro princípio ISO 9001 que obriga a alta administração a realizar uma revisão periódica nos sistemas de qualidade implantados, incluindo a identificação de melhoria de produtos, processos e todo o sistema;

• Finalmente, a necessidade de um Manual da Qualidade (1.7). Isso também é abordado no recente Capítulo 4 da EU-BPF sobre Documentação. Neste podemos verificar maiores detalhes do que se é esperado dentro de um Manual de Qualidade. Novamente um princípio ISO 9001 incluindo uma descrição do sistema de gestão da qualidade assim como as responsabilidades da gestão. Nas ISO 9001 esta descrição do SGQ é atingido descrevendo os processos do SGQ, o seu âmbito e os documentos que compõem o sistema.

Não houve maiores modificações nos outros capítulos dessa nova versão. A visão um tanto quanto subjetiva colocada aqui demonstra uma evolução do pensamento de gestão da qualidade entre as agências reguladoras e as indústrias. Concordam? Ou não?

Texto escrito por João de Araújo Prado Neto em 12.05.2013.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

FDA publica uma consulta pública sobre uma guia de segurança em rotulagem


DIÁRIO DE BORDO: Em Abril de 2013 a FDA publicou uma consulta pública sobre rotulagem de produtos farmacêuticos. O objetivo desta guia é minimizar erros relacionados à administração de produtos farmacêuticos e biológicos. Essa guia centraliza-se em aspectos de segurança do rótulo da embalagem primária e no “design” do cartucho (embalagem secundária), além de fornecer um conjunto de princípios e recomendações para assegurar que elementos críticos sejam considerados e projetados na rotulagem desses produtos para a promoção de uma distribuição, administração e uso seguros.

Essa guia aplica-se aos medicamentos de prescrição e produtos biológicos e estabelece recomendações sobre: nome fantasia e marca, potencia do produto, via de administração, avisos de informação crítica, data de validade, código de barras, substâncias controladas, entre outros. Para acessar o documento clique no endereço abaixo:


sexta-feira, 10 de maio de 2013

GUIA ANVISA SOBRE TRATAMENTO DE AR NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

DIÁRIO DE BORDO: Encontra-se disponível no site da Anvisa no site da Anvisa o Guia da Qualidade para Sistemas de Tratamento de Ar e Monitoramento Ambiental na Indústria Farmacêutica. O documento é direcionado aos fabricantes de medicamentos no Brasil e apresenta orientações sobre eventuais necessidades de adequações à legislação vigente e também para que busquem melhorias contínuas. As informações e diretrizes técnicas básicas apresentadas no Guia da Qualidade foram fundamentadas em artigos técnicos, farmacopeias, normas técnicas internacionais e estrangeiras e também na experiência adquirida pela Anvisa em inspeções conduzidas nos territórios nacional e estrangeiro. Também foi criado um e-mail para o envio de críticas e sugestões sobre os conteúdos dos Guias da Qualidade publicados pela Anvisa (guiasdaqualidade.gimep@anvisa.gov.br).

Acesse o guia no link ao lado.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

MÉTRICAS PARA O CUMPRIMENTO DAS NORMAS BPF



Diário de Bordo: Marta Wosinska e Janet Woodcock, esta última possuindo um dos mais importantes cargos dentro da FDA, publicaram um interessante artigo na revista científica Nature. Neste artigo colocam um novo conceito de classificação BPF para as indústrias farmacêuticas. No texto intitulado “Economic and Technological Drivers of Generic Sterile Injectable Drug Shortages” elas destacam a escassez de muitos medicamentos, principalmente os produtos genéricos estéreis. Segundo elas, tal escassez foi causada por motivos econômicos em que muitas empresas descontinuaram a produção ou mantiveram apenas uma planta a oferecer esta forma farmacêutica ao mercado. Esta carência agravou-se durante as últimas inspeções da FDA onde a agencia observou consideráveis desvios de BPF nestas poucas plantas e algumas tiveram que ser temporariamente fechadas. No decorrer dessa análise, o que se verifica é: para manter baixos os custos de produção, a qualidade não é levada em consideração. O artigo conclui que não existe recompensa para a manutenção da boa qualidade e que existem somente dois níveis de qualidade: Conforme ou Não-conforme. Assim elas propõem uma discussão sobre introduzir métricas de qualidade onde as empresas poderiam ser classificadas em A, B, C ou D, por exemplo, levando uma graduação do maior ao menor grau de cumprimento das normas BPF. Veja na íntegra o artigo disponibilizado “on line” a partir de janeiro de 2013 no endereço abaixo:

terça-feira, 30 de abril de 2013

Entra em consulta pública uma nova revisão para o guia de validação de processos não estéreis da OMS.

Diário de bordo: O atual guia de BPF da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Validação constitui-se no  anexo 4 do Supplementary guidelines on good manufacturing practices: validation e está contido no Technical Report Series, No. 937 (Annex 5) publicado em 2006. Este guia apresenta sete anexos e o último deles refere-se à validação de processos não estéreis. Este anexo 7 está sendo revisado e a OMS acaba de publicar seu draft que está aberto para comentários até 24 de Maio de 2013. 


Este novo guia traz novas abordagens para a validação de processos aplicável às formas farmacêuticas não-estéreis com base no gerenciamento do risco na qualidade (Quality Risk Management) e concepção da qualidade no projeto (Quality by Design).  Segundo o novo paradigma estas abordagens devem estar presentes desde o desenvolvimento inicial, passando pela comercialização e manutenção do processo, até a sua descontinuação (ciclo de vida do produto - vide ICH Q8). É altamente recomendável a leitura deste draft, pois mostra os rumos que tomam as BPF. É sempre bom lembrar que os guidelines de hoje serão as normas compulsórias de amanhã. Para ver na íntegra vá ao endereço abaixo:


http://www.who.int/medicines/areas/quality_safety/quality_assurance/Validation_QAS13-527_11042013.pdf

Onde encontrar os Guias BPF da OMS:
http://www.who.int/medicines/areas/quality_safety/quality_assurance/production/en/index.html

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Novo Guia ANVISA para validação de limpeza para farmoquímicas

DIÁRIO DE BORDO: A ANVISA publicou em 04.04.2013 um guia sobre Validação de Limpeza para indústrias produtoras de insumos ativos farmacêuticos (IFAs). O principal foco do documento é propor uma abordagem para a validação de limpeza dos equipamentos multipropósito utilizados nos processos de produção que garanta a remoção de resíduos do produto que acabou de ser produzido, para que estes não sejam transferidos ao produto posteriormente fabricado.  Neste guia foram levados em consideração os guias do ICH, PIC e FDA. Vale a pena conferir, vá na seção Guias da Anvisa deste blog e acesse pelo link.

domingo, 7 de abril de 2013

ESTERILIDADE, ESTERILIZAÇÃO E MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO


DIÁRIO DE BORDO: A esterilização consiste num processo que visa destruir todas as formas de vida com capacidade de reprodução durante as fases de armazenamento e utilização de um produto destinado à preservação da vida e saúde humana. O produto assim deve manter suas características durante a sua vida útil à temperatura ambiente. Portanto, a esterilidade é a incapacidade de desenvolvimento de formas sobreviventes após o produto ser submetido a um processo de esterilização. Os métodos de esterilização asseguram níveis de esterilidade compatíveis às características exigidas para produtos farmacêuticos, médico-hospitalares e alimentícios. O método escolhido depende da natureza e da carga microbiana inicialmente presente em um produto considerado. O calor e o óxido de etileno podem ser citados como agentes esterilizantes.

Esterilização a vapor: O calor úmido na forma de vapor saturado sob pressão é o agente esporocida mais utilizado e o mais confiável. É um método atóxico e relativamente barato. O vapor aquece rapidamente o material e penetra na sua estrutura. Considerando estes fatos, a esterilização a vapor poderia ser utilizada sempre que possível para todos os produtos que não são sensíveis ao calor e à umidade. O princípio básico da esterilização a vapor é levado a cabo através de uma autoclave. Consiste no tratamento de cada unidade do produto com vapor a uma temperatura e pressão adequadas, por um tempo específico, com a finalidade de destruir os microorganismos por meio de coagulação irreversível e desnaturação das enzimas e estruturas proteicas. Deste modo quatro são os parâmetros para esterilização a vapor: temperatura, pressão, tempo e concentração de vapor. O vapor ideal para esterilização é 100% saturado, com água não saturada na forma de uma fina névoa. A produção de pressão a altas temperaturas é fundamental para matar os microorganismos rapidamente. A temperatura específica deve ser obtida para garantir a atividade microbicida. As duas temperaturas mais utilizadas para esterilização a vapor são 121°C e 134°C. Esporos de Bacillus stearothermophilus são utilizados para monitorar a eficiência da esterilização. Geralmente o tempo de exposição necessário para esterilizar suprimentos empacotados ou produtos é de 20-30 minutos a 121°C em autoclave convencional ou 4 minutos a 134°C em câmara provida de pré-pulsos de vácuo e secagem final. O processo de autoclavação deve ser qualificado e a autoclave deve ser validada diariamente quanto à sua operacionalidade observando-se a remoção total do ar, a qualidade do vapor, a temperatura, pressão e tempo para assegurar o nível de esterilidade desejada.

Esterilização por Óxido de Etileno: O óxido de etileno é um gás incolor, inodoro, inflamável, explosivo e potencialmente carcinogênico. Porém, quando misturado a um gás inerte mediante determinadas condições, pode ser utilizado para esterilizar produtos termossensíveis. Misturando óxido de etileno (10 a 12%) ao dióxido de carbono ou nitrogênio os riscos de explosão e incêndio são minimizados a níveis seguros. A atividade microbicida do óxido de etileno é considerada ser resultante da alquilação das proteínas, DNA e RNA, impedindo a multiplicação celular. Óxido de etileno inativa todos os microorganismos, embora esporos bacterianos especialmente Bacillus subitilis são mais resistentes que outro microorganismos. Consequentemente, o Bacillus subitilis é usado como indicador biológico do processo. A eficácia da esterilização por óxido de etileno depende de 4 fatores essenciais: a concentração de gás, temperatura, umidade e tempo de exposição. O ciclo básico de esterilização por óxido de etileno consiste de 5 estágios (pré-vácuo e umidificação,  introdução de gás, exposição, evacuação e esgotamento do gás com ar) sendo o período total de esterilização e aeração de 48h às 72h . A aeração mecânica de 8 a 12 horas, à temperatura entre 50 e 60°C remove os resíduos tóxicos (óxido de etileno, etilenocloridrina e de etilenoglicol) impregnados nos produtos. O processo apresenta custo elevado, é lento (48-72h), potencialmente perigoso e carcinogênico para os operadores. Requer ambiente isolado, aerado e proteção individual aos operadores. O óxido de etileno e seus resíduos são considerados potencialmente carcinogênicos. A legislação brasileira orienta quanto às instalações para armazenamento e emprego do óxido de etileno, do controle de saúde do usuário e da proteção individual e coletiva durante o processo de esterilização.

Abordagem cinética da esterilização: Pela conceituação clássica, entende-se que esterilização é o processo de destruição de todas as formas de vida microbiana, ou seja, bactérias nas formas vegetativas e seus esporos, fungos e vírus, mediante a aplicação de agentes físicos e químicos. Entretanto considerando a cinética de destruição logarítmica dos microrganismos sob a ação de um agente químico ou físico (morte em curva logarítmica), o processo de esterilização assume um entendimento mais complexo. Sendo assim, esterilização é o processo pelo qual os microrganismos são mortos a tal ponto que não seja mais possível detectá-los no meio de cultura padrão no qual previamente haviam proliferado. Convencionalmente, considera-se um produto estéril quando a probabilidade de sobrevivência dos microrganismos que o contaminam é menor do que 1:1. 000.000. Este critério é o principio básico dos testes biológicos usualmente utilizados para controlar os processos de esterilização. A segurança da esterilização é expressa pela probabilidade dos microrganismos poderem sobreviver a este processo que corresponde ao proporcional tratamento que um produto deve receber de acordo com o seu risco potencial de causar infecção. O nível de segurança de esterilização varia de acordo com o uso do produto:
10-6 de probabilidade de sobrevivência de microrganismos para produtos considerados críticos;
10-3 é o requisito direcionado para produtos não críticos, que entram em contato apenas com pele íntegra;
10-12 é a padronização mais rigorosa aplicada para a probabilidade de sobrevida do esporo de Clostridium botulinum.

Os conceitos descritos acima têm como base o artigo “Desinfecção e Esterilização Química” de Thereza Christina Vessoni Penna do Departamento de Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.