Diário de Bordo: Marta Wosinska e Janet Woodcock,
esta última possuindo um dos mais importantes cargos dentro da FDA, publicaram
um interessante artigo na revista científica Nature. Neste artigo colocam um
novo conceito de classificação BPF para as indústrias farmacêuticas. No texto intitulado
“Economic and Technological Drivers of
Generic Sterile Injectable Drug Shortages” elas destacam a escassez de
muitos medicamentos, principalmente os produtos genéricos estéreis. Segundo elas,
tal escassez foi causada por motivos econômicos em que muitas empresas descontinuaram
a produção ou mantiveram apenas uma planta a oferecer esta forma farmacêutica ao
mercado. Esta carência agravou-se durante as últimas inspeções da FDA onde a
agencia observou consideráveis desvios de BPF nestas poucas plantas e algumas
tiveram que ser temporariamente fechadas. No decorrer dessa análise, o que se
verifica é: para manter baixos os custos de produção, a qualidade não é levada
em consideração. O artigo conclui que não existe recompensa para a manutenção
da boa qualidade e que existem somente dois níveis de qualidade: Conforme ou Não-conforme. Assim elas propõem
uma discussão sobre introduzir métricas de qualidade onde as empresas poderiam
ser classificadas em A, B, C ou D,
por exemplo, levando uma graduação do maior ao menor grau de cumprimento das
normas BPF. Veja na
íntegra o artigo disponibilizado “on line”
a partir de janeiro de 2013 no endereço abaixo:
bpexcelencia.blogspot.com tem a função de trazer informação útil sobre as atividades dos setores regulados (farmacêutico alimentício e cosmético)
no sentido de ajudar no desempenho, demonstração e manutenção do estado de certificação das Boas Práticas
através de artigos com abordagens estratégicas, comentários, tópicos de treinamentos, ferramentas e estudos de caso.
Assim como informações sobre a conduta e desenvolvimento das pessoas envolvidas neste segmento.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
terça-feira, 30 de abril de 2013
Entra em consulta pública uma nova revisão para o guia de validação de processos não estéreis da OMS.

Este novo guia traz novas abordagens para a validação de processos aplicável às formas farmacêuticas não-estéreis com base no gerenciamento do risco na qualidade (Quality Risk Management) e concepção da qualidade no projeto (Quality by Design). Segundo o novo paradigma estas abordagens devem estar presentes desde o desenvolvimento inicial, passando pela comercialização e manutenção do processo, até a sua descontinuação (ciclo de vida do produto - vide ICH Q8). É altamente recomendável a leitura deste draft, pois mostra os rumos que tomam as BPF. É sempre bom lembrar que os guidelines de hoje serão as normas compulsórias de amanhã. Para ver na íntegra vá ao endereço abaixo:
http://www.who.int/medicines/areas/quality_safety/quality_assurance/Validation_QAS13-527_11042013.pdf
Onde encontrar os Guias BPF da OMS:
http://www.who.int/medicines/areas/quality_safety/quality_assurance/production/en/index.html
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Novo Guia ANVISA para validação de limpeza para farmoquímicas
domingo, 7 de abril de 2013
ESTERILIDADE, ESTERILIZAÇÃO E MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO
Esterilização a vapor: O calor úmido na forma de vapor
saturado sob pressão é o agente esporocida mais utilizado e o mais confiável. É
um método atóxico e relativamente barato. O vapor aquece rapidamente o material
e penetra na sua estrutura. Considerando estes fatos, a esterilização a vapor
poderia ser utilizada sempre que possível para todos os produtos que não são sensíveis
ao calor e à umidade. O princípio básico da esterilização a vapor é levado a
cabo através de uma autoclave. Consiste no tratamento de cada unidade do
produto com vapor a uma temperatura e pressão adequadas, por um tempo
específico, com a finalidade de destruir os microorganismos por meio de
coagulação irreversível e desnaturação das enzimas e estruturas proteicas. Deste
modo quatro são os parâmetros para esterilização a vapor: temperatura, pressão,
tempo e concentração de vapor. O vapor ideal para esterilização é 100%
saturado, com água não saturada na forma de uma fina névoa. A produção de
pressão a altas temperaturas é fundamental para matar os microorganismos
rapidamente. A temperatura específica deve ser obtida para garantir a atividade
microbicida. As duas temperaturas mais utilizadas para esterilização a vapor
são 121°C e 134°C. Esporos de Bacillus
stearothermophilus são
utilizados para monitorar a eficiência da esterilização. Geralmente o tempo de
exposição necessário para esterilizar suprimentos empacotados ou produtos é de
20-30 minutos a 121°C em autoclave convencional ou 4 minutos a 134°C em câmara
provida de pré-pulsos de vácuo e secagem final. O processo de autoclavação deve
ser qualificado e a autoclave deve ser validada diariamente quanto à sua operacionalidade
observando-se a remoção total do ar, a qualidade do vapor, a temperatura,
pressão e tempo para assegurar o nível de esterilidade desejada.
Esterilização por Óxido de Etileno: O óxido de etileno
é um gás incolor, inodoro, inflamável, explosivo e potencialmente
carcinogênico. Porém, quando misturado a um gás inerte mediante determinadas
condições, pode ser utilizado para esterilizar
produtos termossensíveis. Misturando óxido de etileno (10 a 12%) ao dióxido de
carbono ou nitrogênio os riscos de explosão e incêndio são minimizados a níveis
seguros. A atividade microbicida do óxido de etileno é considerada ser
resultante da alquilação das proteínas, DNA e RNA, impedindo a multiplicação
celular. Óxido
de etileno inativa todos os microorganismos, embora esporos bacterianos especialmente
Bacillus subitilis são
mais resistentes que outro microorganismos. Consequentemente, o Bacillus subitilis é usado como
indicador biológico do processo. A eficácia da esterilização por óxido de
etileno depende de 4 fatores essenciais: a concentração de gás, temperatura,
umidade e tempo de exposição. O ciclo básico de esterilização por óxido de
etileno consiste de 5 estágios (pré-vácuo e umidificação, introdução de gás, exposição, evacuação e esgotamento
do gás com ar) sendo o período total de esterilização e aeração de 48h às 72h .
A aeração mecânica de 8 a 12 horas, à temperatura entre 50 e 60°C remove os resíduos tóxicos (óxido de etileno, etilenocloridrina
e de etilenoglicol) impregnados nos produtos. O processo apresenta custo
elevado, é lento (48-72h), potencialmente perigoso e carcinogênico para os
operadores. Requer ambiente isolado, aerado e proteção individual aos
operadores. O óxido de etileno e seus resíduos são considerados potencialmente
carcinogênicos. A legislação brasileira orienta quanto às instalações para
armazenamento e emprego do óxido de etileno, do controle de saúde do usuário e da
proteção individual e coletiva durante o processo de esterilização.
Abordagem cinética da esterilização: Pela
conceituação clássica, entende-se que esterilização é o processo de destruição
de todas as formas de vida microbiana, ou seja, bactérias nas formas
vegetativas e seus esporos, fungos e vírus, mediante a aplicação de agentes
físicos e químicos. Entretanto considerando a cinética de destruição
logarítmica dos microrganismos sob a ação de um agente químico ou físico (morte
em curva logarítmica), o processo de esterilização assume um entendimento mais
complexo. Sendo assim, esterilização é o processo pelo qual os microrganismos
são mortos a tal ponto que não seja mais possível detectá-los no meio de
cultura padrão no qual previamente haviam proliferado. Convencionalmente,
considera-se um produto estéril quando a probabilidade de sobrevivência dos
microrganismos que o contaminam é menor do que 1:1. 000.000. Este critério é o
principio básico dos testes biológicos usualmente utilizados para controlar os
processos de esterilização. A segurança da esterilização é expressa pela
probabilidade dos microrganismos poderem sobreviver a este processo que
corresponde ao proporcional tratamento que um produto deve receber de acordo
com o seu risco potencial de causar infecção. O nível de segurança de
esterilização varia de acordo com o uso do produto:
10-6
de probabilidade de sobrevivência de microrganismos para produtos considerados críticos;
10-3 é
o requisito direcionado para produtos não críticos, que entram em contato
apenas com pele íntegra;
10-12 é a padronização
mais rigorosa aplicada para a probabilidade de sobrevida do esporo de Clostridium botulinum.
Os conceitos
descritos acima têm como base o artigo “Desinfecção e Esterilização Química” de
Thereza Christina Vessoni Penna do Departamento de Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica
da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.
quarta-feira, 20 de março de 2013
Novo Guia de Boas Práticas de Distribuição publicada pela União Européia
DIÁRIO DE BORDO: Foi publicado no Jornal Oficial da União Europeia em 7 de março de 2013 o novo guideline sobre Boas Práticas de Distribuição. Este documento irá substituir o atual GDP publicado em 1994. A versão preliminar foi emitida em julho de 2011 para consulta pública. A agencia EMA recebeu um grande número de comentários de toda a indústria, considerou-os cuidadosamente e alguns foram incluídos na versão final publicada. O novo guia não se aplica apenas aos atacadistas e fabricantes de produtos farmacêuticos, mas também incorpora requisitos específicos para os brokers que lidam com produtos farmacêuticos. A responsabilidade pelo produto durante o armazenamento e a distribuição permanece do fabricante até ao ponto de venda, mas os distribuidores apropriados dos produtos apresentam uma responsabilidade solidária Todos que desempenham um papel na cadeia de abastecimento farmacêutico deve cumprir com estes requisitos, portanto, os prestadores de serviços, como empresas de transporte e operadores logísticos devem ter uma boa compreensão do que é necessário para fornecer um serviço adequado.Veja o no guia na íntegra pelo link abaixo:
Good Distribuiton Practice of Medicinal Products for Human Use
domingo, 17 de março de 2013
MATRIZ IMPORTÂNCIA DESEMPENHO – FERRAMENTA PARA COMPARAÇÃO DE PRODUTOS
DIÁRIO DE BORDO: Este texto é uma contribuição de José Arlindo Ferreira de Castro, colega de profissão que possui experiência no segmento industrial farmacêutico, alimentício e cosmético. A matriz importância-desempenho é uma ferramenta simples e poderosa desenvolvida por Nigel Slack para a comparação de produtos ou serviços quanto aos fatores críticos de qualidade na percepção dos consumidores. Boa Leitura.
O primeiro passo para a construção dessa matriz é a identificação dos aspectos ou características de qualidade considerados pelo consumidor para a decisão de compra do produto ou serviço. Diversas estratégias podem ser utilizadas nessa fase do trabalho, por exemplo: entrevista com consumidores, observação do ato de compra, pesquisas de opinião sobre os produtos, grupos de discussão, etc.
Em seguida cada um dos aspectos identificados deve ser classificado segundo a escala de importância atribuída pelo consumidor, organizados em três grupos:
• Ganhadores de pedidos – aqueles que fazem com que o consumidor se decida por determinado produto, portanto proporcionam vantagem crucial em relação aos concorrentes;
• Qualificadores – são fatores frequentemente considerados, geralmente esperados, cuja ausência pode levar à decisão por outro produto;
• Menos importantes – são os últimos fatores considerados pelos consumidores, porém podem ser decisivos quando temos produtos/serviços com desempenho similar nos demais quesitos.
Concluída esta etapa, a desempenho do produto ou serviço em análise é comparada à do concorrente em cada um dos requisitos, numa escala de 1 a 9, onde:
• 1-3 – melhor que o concorrente
• 4-6 – semelhante à do concorrente
• 7-9 – pior que o concorrente
Finalmente o resultado para cada característica é plotado em uma matriz que apresenta a importância de cada quesito para o consumidor no eixo horizontal, enquanto na vertical temos a performance.
Nessa matriz podemos identificar 5 regiões:
I – Zona de ação urgente – o produto em análise apresenta desvantagem evidente em atributos essenciais para conquistar a preferência do consumidor no ato da compra;
II – Zona de desconforto – nesta área identificamos atributos onde nosso produto está em desvantagem, requerendo ação para no mínimo igualar o desempenho do concorrente;
III – Limite mínimo de desempenho – o desempenho é semelhante à do concorrente, e deve ser monitorada e melhorada, pois qualquer progresso do concorrente pode resultar em perda de vendas;
IV – Zona de conforto – características onde temos vantagem competitiva em relação ao concorrente, e que podem ser realçadas junto ao consumidor para consolidar a preferência no momento da compra;
V – Zona de excesso – se temos características nessa área, isso significa que a empresa aloca recursos para obter desempenho que não é valorizada pelo consumidor, ou seja, com baixa relação custo/benefício.
No exemplo abaixo temos a comparação de duas marcas de café solúvel, cujos atributos críticos são:
Ganhadores de pedido: qualidade percebida da marca (A1), baixo amargor (A2), aroma (A3) e preço (A4)
Qualificadores: cor (A5), tempo de dissolução (A6), baixa acidez (A7)
Menos importantes: quantidade de pó no produto (A8), quantidade de pó no fundo da xícara (A9)
Os consumidores deram notas a cada produto em cada um dos parâmetros de avaliação, e os dados comparativos do nosso produto em relação ao concorrente foram plotados na matriz de importância x desempenho, com o seguinte resultado:
Analisando a matriz percebemos que o produto 1:
1 – tem vantagem significativa quanto ao preço;
2 – é considerado de menor qualidade, e sua cor do não agrada ao consumidor;
3 – apresenta desempenho semelhante à do concorrente quanto a índice de amargor, aroma, tempo de dissolução e acidez;
4 – apresenta pouco pó no produto e no fundo da xícara, mas estas não são características importantes para o consumidor.
Algumas ações possíveis para alavancar o desempenho do produto 1 são:
- investir em pesquisa e desenvolvimento para melhorar a cor do produto;
- divulgar a marca e a qualidade do produto, inclusive associando a outros produtos da marca onde temos o reconhecimento de qualidade pelo consumidor, p.ex. produto café em pó, onde o concorrente não tem produto.
- avaliar oportunidades de corte de custos de processo para a obtenção de produto com pouco pó, uma vez que esta característica não é valorizada pelo consumidor.
REFERÊNCIAS
CORDEIRO, José Vicente Bandeira de Melo Avaliando o desempenho de sistemas produtivos. Revista da FAE em http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_da_fae/fae_v11_n1/08_vicente.pdf
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
DRUG MASTER FILE (DMF)
DIÁRIO DE BORDO: Drug Master File ou DMF é um documento elaborado pelo fabricante do insumo farmacêutico para submeter a seu critério ao fabricante do produto farmacêutico ou/e à autoridade reguladora competente do mercado a que o fármaco se destina. Não existe nenhuma exigência regulamentar para apresentação de um DMF, não entanto, tal documento provê de informações confidenciais detalhadas sobre instalações, processos ou substâncias utilizadas na fabricação, embalagem e armazenamento de um insumo ativo farmacêutico, a agência reguladora ou o fabricante do produto farmacêutico. Tipicamente, um DMF é apresentado quando duas ou mais empresas trabalham em parceria no desenvolvimento ou produção de um produto farmacêutico. A apresentação de um DMF permite que uma empresa proteja sua propriedade intelectual respeitando os requisitos regulamentares para a divulgação de detalhes sobre o processo de obtenção de um fármaco.
O DMF é um documento que contém informações completas sobre o insumo ativo farmacêutico (IFA) ou forma farmacêutica acabada. Este documento é também denominado European Drug Master File (EDMF) ou Active Substance Master File (ASMF) na Europa e como United States Drug Master File (US-DMF) nos Estados Unidos da América. O DMF contém informação real e completa sobre a composição química do fármaco, seu método de obtenção, estabilidade, pureza e perfil de impurezas, dados de embalagem e cumprimento das BPF.
DMF nos EUA
Nos EUA os DMFs são submetidos à FDA (Food and Drug Administration). O objetivo principal do DMF é dar suporte aos requisitos regulamentares e para comprovar a qualidade da substância, sua segurança e eficácia para obtenção de uma permissão para um processo de pesquisa um novo fármaco (Investigational New Drug - IND), registro completo de um novo fármaco (New Drug Aplication – NDA), registro resumido de um novo fármaco (Abreviated New Drug Aplication – ANDA), nova versão do DMF, ou solicitação de exportação.
Nos EUA existem 05 tipos de DMF:
- TIPO I: local de fabricação, instalações, procedimentos operacionais e de pessoal
- TIPO II: composição química do fármaco, produtos intermediários e materiais utilizados na preparação.
-TIPO III: material de embalagem
- TIPO IV: Referências aceitas pelo FDA
DMF na Europa
O conteúdo e o formato do DMF utilizado nos países europeus para obter a autorização de comercialização diferem dos EUA. O objetivo principal do EDMF é dar suporte aos requisitos de regulamentação de um produto farmacêutico para comprovação de sua qualidade, segurança e eficácia para a obtenção do registro.
Referências
1. "Guideline for Drug Master Files". US Food and Drug Administration.
2. http://www.fda.gov/Drugs/GuidanceComplianceRegulatoryInformation/Guidances/ucm122886.htm. acessado em 29.01.2013.
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