bpexcelencia.blogspot.com tem a função de trazer informação útil sobre as atividades dos setores regulados (farmacêutico alimentício e cosmético)
no sentido de ajudar no desempenho, demonstração e manutenção do estado de certificação das Boas Práticas
através de artigos com abordagens estratégicas, comentários, tópicos de treinamentos, ferramentas e estudos de caso.
Assim como informações sobre a conduta e desenvolvimento das pessoas envolvidas neste segmento.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O FATOR HUMANO NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS (2)


DIÁRIO DE BORDO: Para resolver um problema complexo temos que mergulhar em todos os seus detalhes. Requer que falemos não só com especialistas próximos ao âmbito do problema, mas também com pessoas com experiências diversas. Temos que avaliar não só opções que deram certo no passado, mas também aquelas que estão surgindo no momento. Requer que também recorramos não só a pessoas que vêem as coisas como nós, mas também àqueles que apresentam pontos de vista diametralmente opostos aos nossos. Devemos ir muito além da nossa zona de conforto.

Problemas simples podem sem resolvidos de forma efetiva e eficaz, através de processos graduais, hierárquicos e baseados na experiência passada. Porém, problemas complexos só podem ser resolvidos por meio de processos sistêmicos, emergentes e participativos.
Todo problema depende: DA SUA DINÂMICA, ou seja, da distância entre causa e efeito do problema com o tempo e o espaço; DA SUA PREVISIBILIDADE, ou seja, o problema depende se seu futuro é conhecido e previsível ou seu futuro não pode ser calculado com base nas experiências passadas necessitando desenvolver soluções com base no desdobramento da situação; e DA SOCIEDADE EM QUE OCORRE, ou seja, o problema depende das pessoas que fazem parte dele, se elas apresentam pressupostos, valores, lógicas e objetivos comuns ou se vêem as coisas de forma muito diferente umas das outras.

Problemas complexos e estagnados podem ser resolvidos de duas formas: DE FORMA IMPOSITIVA, ou seja, de maneira unilateral impondo uma solução pela força ou pela violência ou DE FORMA PACÍFICA, ou seja, quando existe abertura no falar e no escutar entre participantes, no intuito de se avançar juntos na solução do problema.

Os FATORES ASSOCIADOS aos problemas complexos são:
Baixos níveis de confiança e iniciativa provenientes de uma repressão anterior.
Pré-concepção (eu não escuto por que eu já sei, se eu já sei não preciso ouvir o outro). Dependendo do grau de relacionamento fingi-se que ouve ou se repete o que sabe de forma mais taxativa. Para um especialista é mais difícil ouvir sem fazer juízos e conclusões apressadas, pois está mais fechado a ouvir e a aprender do que um leigo.

Autoritarismo que produz silêncio e subserviência pela coerção, sedução ou corrupção (as pessoas hesitam em falar abertamente por terem medo de ofender ou de passar por constrangimentos).

Polidez, ser cortês é uma forma de não falar o que se pensa abertamente por receio de uma ruptura social. Ao se falar educadamente, segue-se o que é esperado pelo grupo mantendo-se a integridade do sistema social (que pode ser doente e dissimulado em seu conjunto).

FALAR
Tais fatores associados relacionados ao medo e a educação acabam não precipitando na mudança necessária para a solução de um problema. Quando uma equipe desenvolve o hábito de falar abertamente, o problema em que estão trabalhando começa a mudar. Falar de forma pessoal, emocional e não conceitual, defendendo-se aquilo que acredita, faz com que se aprofunde o nível de compreensão. “Dar nomes aos bois”, expressar as diferenças sem ironizar, admitir a boa-fé do outro, ser tolerante, disciplinado, objetivo, conciso e guardar segredo são regras básicas para o caminho aberto na resolução de problemas. Manifestar-se desta maneira é extremamente difícil. As pessoas hesitam por diversas razões: medo de ser demitida; de não gostarem dela; de ser considerada inconveniente ou ignorante; de ser banida do grupo; de perder o controle, a identidade, a posição, o poder ou a própria vida.

ESCUTAR
Falar abertamente é melhor do que falar cautelosamente, educadamente ou simplesmente não falar, pois significa estar disposto a expor o que pensa permitindo ampliar a visão do problema e entendê-lo a partir de outras perspectivas. Porém, falar sobre um problema, por si só, não muda nada, por que no discurso não se cria novas realidades e sim somente reproduz realidades já existentes. Para se criar algo novo é necessário escutar. Escutar abertamente significa estar disposto a se expor a algo novo que vem dos outros. Neste processo é muito importante ouvir aquele que se considera “o inimigo” com a mesma receptividade, não-julgamento e compaixão que se ouve aquele com quem se simpatiza. Todos apresentam parte da verdade e reconhecer esta verdade parcial em todos – especialmente naqueles de quem se discorda – é a base de toda a criatividade, seja na ciência, nos negócios e na política.

João de Araújo Prado Neto 12.08.2010.


REFERÊNCIA.

KAHANE, A. – Como resolver problemas complexos – tradução Ana Gibson – São Paulo, editora SENAC, São Paulo, 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário