bpexcelencia.blogspot.com tem a função de trazer informação útil sobre as atividades dos setores regulados (farmacêutico alimentício e cosmético)
no sentido de ajudar no desempenho, demonstração e manutenção do estado de certificação das Boas Práticas
através de artigos com abordagens estratégicas, comentários, tópicos de treinamentos, ferramentas e estudos de caso.
Assim como informações sobre a conduta e desenvolvimento das pessoas envolvidas neste segmento.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Entra em consulta pública uma nova revisão para o guia de validação de processos não estéreis da OMS.

Diário de bordo: O atual guia de BPF da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Validação constitui-se no  anexo 4 do Supplementary guidelines on good manufacturing practices: validation e está contido no Technical Report Series, No. 937 (Annex 5) publicado em 2006. Este guia apresenta sete anexos e o último deles refere-se à validação de processos não estéreis. Este anexo 7 está sendo revisado e a OMS acaba de publicar seu draft que está aberto para comentários até 24 de Maio de 2013. 


Este novo guia traz novas abordagens para a validação de processos aplicável às formas farmacêuticas não-estéreis com base no gerenciamento do risco na qualidade (Quality Risk Management) e concepção da qualidade no projeto (Quality by Design).  Segundo o novo paradigma estas abordagens devem estar presentes desde o desenvolvimento inicial, passando pela comercialização e manutenção do processo, até a sua descontinuação (ciclo de vida do produto - vide ICH Q8). É altamente recomendável a leitura deste draft, pois mostra os rumos que tomam as BPF. É sempre bom lembrar que os guidelines de hoje serão as normas compulsórias de amanhã. Para ver na íntegra vá ao endereço abaixo:


http://www.who.int/medicines/areas/quality_safety/quality_assurance/Validation_QAS13-527_11042013.pdf

Onde encontrar os Guias BPF da OMS:
http://www.who.int/medicines/areas/quality_safety/quality_assurance/production/en/index.html

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Novo Guia ANVISA para validação de limpeza para farmoquímicas

DIÁRIO DE BORDO: A ANVISA publicou em 04.04.2013 um guia sobre Validação de Limpeza para indústrias produtoras de insumos ativos farmacêuticos (IFAs). O principal foco do documento é propor uma abordagem para a validação de limpeza dos equipamentos multipropósito utilizados nos processos de produção que garanta a remoção de resíduos do produto que acabou de ser produzido, para que estes não sejam transferidos ao produto posteriormente fabricado.  Neste guia foram levados em consideração os guias do ICH, PIC e FDA. Vale a pena conferir, vá na seção Guias da Anvisa deste blog e acesse pelo link.

domingo, 7 de abril de 2013

ESTERILIDADE, ESTERILIZAÇÃO E MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO


DIÁRIO DE BORDO: A esterilização consiste num processo que visa destruir todas as formas de vida com capacidade de reprodução durante as fases de armazenamento e utilização de um produto destinado à preservação da vida e saúde humana. O produto assim deve manter suas características durante a sua vida útil à temperatura ambiente. Portanto, a esterilidade é a incapacidade de desenvolvimento de formas sobreviventes após o produto ser submetido a um processo de esterilização. Os métodos de esterilização asseguram níveis de esterilidade compatíveis às características exigidas para produtos farmacêuticos, médico-hospitalares e alimentícios. O método escolhido depende da natureza e da carga microbiana inicialmente presente em um produto considerado. O calor e o óxido de etileno podem ser citados como agentes esterilizantes.

Esterilização a vapor: O calor úmido na forma de vapor saturado sob pressão é o agente esporocida mais utilizado e o mais confiável. É um método atóxico e relativamente barato. O vapor aquece rapidamente o material e penetra na sua estrutura. Considerando estes fatos, a esterilização a vapor poderia ser utilizada sempre que possível para todos os produtos que não são sensíveis ao calor e à umidade. O princípio básico da esterilização a vapor é levado a cabo através de uma autoclave. Consiste no tratamento de cada unidade do produto com vapor a uma temperatura e pressão adequadas, por um tempo específico, com a finalidade de destruir os microorganismos por meio de coagulação irreversível e desnaturação das enzimas e estruturas proteicas. Deste modo quatro são os parâmetros para esterilização a vapor: temperatura, pressão, tempo e concentração de vapor. O vapor ideal para esterilização é 100% saturado, com água não saturada na forma de uma fina névoa. A produção de pressão a altas temperaturas é fundamental para matar os microorganismos rapidamente. A temperatura específica deve ser obtida para garantir a atividade microbicida. As duas temperaturas mais utilizadas para esterilização a vapor são 121°C e 134°C. Esporos de Bacillus stearothermophilus são utilizados para monitorar a eficiência da esterilização. Geralmente o tempo de exposição necessário para esterilizar suprimentos empacotados ou produtos é de 20-30 minutos a 121°C em autoclave convencional ou 4 minutos a 134°C em câmara provida de pré-pulsos de vácuo e secagem final. O processo de autoclavação deve ser qualificado e a autoclave deve ser validada diariamente quanto à sua operacionalidade observando-se a remoção total do ar, a qualidade do vapor, a temperatura, pressão e tempo para assegurar o nível de esterilidade desejada.

Esterilização por Óxido de Etileno: O óxido de etileno é um gás incolor, inodoro, inflamável, explosivo e potencialmente carcinogênico. Porém, quando misturado a um gás inerte mediante determinadas condições, pode ser utilizado para esterilizar produtos termossensíveis. Misturando óxido de etileno (10 a 12%) ao dióxido de carbono ou nitrogênio os riscos de explosão e incêndio são minimizados a níveis seguros. A atividade microbicida do óxido de etileno é considerada ser resultante da alquilação das proteínas, DNA e RNA, impedindo a multiplicação celular. Óxido de etileno inativa todos os microorganismos, embora esporos bacterianos especialmente Bacillus subitilis são mais resistentes que outro microorganismos. Consequentemente, o Bacillus subitilis é usado como indicador biológico do processo. A eficácia da esterilização por óxido de etileno depende de 4 fatores essenciais: a concentração de gás, temperatura, umidade e tempo de exposição. O ciclo básico de esterilização por óxido de etileno consiste de 5 estágios (pré-vácuo e umidificação,  introdução de gás, exposição, evacuação e esgotamento do gás com ar) sendo o período total de esterilização e aeração de 48h às 72h . A aeração mecânica de 8 a 12 horas, à temperatura entre 50 e 60°C remove os resíduos tóxicos (óxido de etileno, etilenocloridrina e de etilenoglicol) impregnados nos produtos. O processo apresenta custo elevado, é lento (48-72h), potencialmente perigoso e carcinogênico para os operadores. Requer ambiente isolado, aerado e proteção individual aos operadores. O óxido de etileno e seus resíduos são considerados potencialmente carcinogênicos. A legislação brasileira orienta quanto às instalações para armazenamento e emprego do óxido de etileno, do controle de saúde do usuário e da proteção individual e coletiva durante o processo de esterilização.

Abordagem cinética da esterilização: Pela conceituação clássica, entende-se que esterilização é o processo de destruição de todas as formas de vida microbiana, ou seja, bactérias nas formas vegetativas e seus esporos, fungos e vírus, mediante a aplicação de agentes físicos e químicos. Entretanto considerando a cinética de destruição logarítmica dos microrganismos sob a ação de um agente químico ou físico (morte em curva logarítmica), o processo de esterilização assume um entendimento mais complexo. Sendo assim, esterilização é o processo pelo qual os microrganismos são mortos a tal ponto que não seja mais possível detectá-los no meio de cultura padrão no qual previamente haviam proliferado. Convencionalmente, considera-se um produto estéril quando a probabilidade de sobrevivência dos microrganismos que o contaminam é menor do que 1:1. 000.000. Este critério é o principio básico dos testes biológicos usualmente utilizados para controlar os processos de esterilização. A segurança da esterilização é expressa pela probabilidade dos microrganismos poderem sobreviver a este processo que corresponde ao proporcional tratamento que um produto deve receber de acordo com o seu risco potencial de causar infecção. O nível de segurança de esterilização varia de acordo com o uso do produto:
10-6 de probabilidade de sobrevivência de microrganismos para produtos considerados críticos;
10-3 é o requisito direcionado para produtos não críticos, que entram em contato apenas com pele íntegra;
10-12 é a padronização mais rigorosa aplicada para a probabilidade de sobrevida do esporo de Clostridium botulinum.

Os conceitos descritos acima têm como base o artigo “Desinfecção e Esterilização Química” de Thereza Christina Vessoni Penna do Departamento de Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.