bpexcelencia.blogspot.com tem a função de trazer informação útil sobre as atividades dos setores regulados (farmacêutico alimentício e cosmético)
no sentido de ajudar no desempenho, demonstração e manutenção do estado de certificação das Boas Práticas
através de artigos com abordagens estratégicas, comentários, tópicos de treinamentos, ferramentas e estudos de caso.
Assim como informações sobre a conduta e desenvolvimento das pessoas envolvidas neste segmento.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Medicamento pirata: o que você deve saber sobre falsificação de medicamentos


DIÁRIO DE BORDO: A falsificação e a fraude de medicamentos são problemas mundiais. O consumo de medicamentos falsificados ou com desvios de qualidade por um paciente em tratamento pode agravar seu estado de saúde ou levá-lo à morte. Por serem formulados e fabricados clandestinamente, os produtos adulterados podem conter substâncias industriais tóxicas, o que também causaria sérios danos à saúde do usuário. A RDC17/2010 dá ênfase a este aspecto dentro das BPF. É importante àqueles que trabalham na Garantia da Qualidade, responsáveis por avaliar as reclamações estejam atentos e preparados para analisar tais aspectos dentro das suas atividades de rotina.



Devido à globalização e ao advento da Internet, a pirataria tornou-se um fenômeno mundial. Os medicamentos não estão fora disso e são mais uma opção de atuação dos sindicatos criminosos mundiais. Talvez até mais assustador que o número de casos detectados de falsificação e dados reais sobre tal atividade é o fato que eles representam somente uma pequena fração da verdadeira quantidade de falsificação ocorrendo globalmente. Incidentes identificados de falsificação são significativamente sub-relatados. Até quando fabricantes farmacêuticos detectam versões falsificadas de suas drogas, eles geralmente não revelam suas descobertas por medo de publicidade negativa e perda da confiança do consumidor em seus produtos.


FATOS

No primeiro semestre de 2009 foram recolhidas no Brasil 316 toneladas de medicamentos pirateados. Em 2008 foram 45,5 toneladas. Os fatores que contribuíram para este aumento foram: o crescimento de ação de quadrilhas e o reforço na fiscalização nas fronteiras e em laboratórios ilegais. Estima-se (OMS) que até 2010, o mercado pirata deverá movimentar US$ 75 bilhões/ano (isto representa um aumento de 90% em comparação com 2005). A OMS estima também que 10% dos medicamentos consumidos no mundo não sejam originais e que no Brasil, oitavo mercado mundial de fármacos, 30% da comercialização de medicamentos seja informal (o que se compreende por pirataria e sonegação de impostos).


DEFINIÇÃO

O medicamento falsificado é na realidade uma parte de um problema maior denominado medicamento sub-padronizado que, de acordo com a OMS, são medicamentos fabricados abaixo dos padrões estabelecidos de segurança, qualidade e eficácia. Portanto, neste conceito inclui vários tipos de medicamentos fraudulentos:

•Medicamentos completamente falsos
•Medicamentos re-rotulados que resultam em má representação da dosagem, origem e/ou data de validade.
•Medicamentos re-embalados
•Medicamentos diluídos
•Medicamentos sem princípios ativos ou quantidades suficientes
•Medicamentos com ingredientes e/ou quantidades incorretos
•Medicamentos adulterados de outras formas


No Brasil, entende-se por medicamento pirata:

•Os medicamentos produzidos sem licença da ANVISA (medicamentos fabricados por laboratórios sem a devida licença de funcionamento e/ou registro do produto)
•Os medicamentos falsificados (medicamentos não originais ou que sofreram alguma adulteração dentro da cadeia de distribuição)
•Os medicamentos contrabandeados (medicamentos importados que entram ilegalmente no país)
•Os medicamentos roubados (medicamentos interceptados por quadrilhas e revendidos sem nota fiscal de origem).


LUCRO ILÍCITO

Os medicamentos piratas garantem altos ganhos aos envolvidos na comercialização em decorrência do baixo custo de produção, transporte e distribuição. As facções do crime organizado começam a ver neste tipo de crime uma possibilidade de lucro tão promissor quanto o comércio de drogas ilícitas, pois no tráfico de narcóticos as penalidades são mais severas.


RISCOS

Fracasso terapêutico (não produzir o efeito desejado)

Piora da condição ou complicação (pela inocuidade do tratamento)

Resistência à droga em doenças infecciosas (no caso de antibióticos)

Intoxicações (por apresentar substâncias que não às declaradas na fórmula)

Morte (em doenças que ameaçam a vida)


CARACTERÍSTICAS

No caso dos medimentos piratas o consumidor não tem consciência de que está adquirindo um produto falso e que oferece riscos à sua saúde. Além do comércio pela Internet e em feiras populares (camelôs), existem evidências de que estabelecimentos regularmente estabelecidos podem estar vendendo esses remédios. Os consumidores são atraídos pelo preço baixo, por não necessitar de receita médica e, guiados pela busca de um intento que pode ser, por exemplo: perda de peso, ganho de massa, aborto de uma gravidez indesejada, etc.


ORIGEM

Os medicamentos piratas estão localizados em todas as regiões do mundo e em quase todos os países. Porém os maiores produtores de medicamentos piratas estão baseados na:

•China
•Índia
•Nigéria
•Rússia
•Brasil
•Sudeste da Ásia
•América Latina


Além disso, existem navios que circulam próximos aos países alvo que são verdadeiras fábricas flutuantes de produtos piratas. Os produtos são trazidos através de pontos entre fronteiras de países, portos ou aeroportos e despachados para o restante do país. No Brasil em cada dez apreensões de armas e drogas duas têm medicamentos falsificados.



MEDICAMENTOS ALVO

Psicotrópicos, opióides, estimulantes (razão: efeitos colaterais de euforia, alteração da consciência e prolongamento do estado de vigilância)

Anfetaminas (razão: perda de peso)

Produtos contra disfunção erétil (razão: desempenho sexual)

Analgésicos e Antiinflamatórios (alto consumo e grande procura por parte da população)

Hormônios (razão: efeito abortivo, anabolizantes)

Quimioterápicos e anti-virais (para tratamento de câncer e SIDA, razão: medicamentos de alto valor agregado)



COMBATE
O combate é essencialmente o fortalecimento do controle da cadeia de medicamentos, legislação rígida com penas severas para esse tipo de crime e principalmente a educação da população. As ações, portanto devem ser dirigidas em três vertentes: repressiva, econômica e educativa.

As ações dentro do controle sanitário começam pela implantação de padrões de Boas Práticas industriais em toda a cadeia de medicamentos, pois a prevalência de medicamentos falsos é maior em países onde a legislação reguladora e sua implementação são mais fracos.

O comércio de princípios ativos é também uma janela potencial de oportunidade para a disseminação de medicamentos piratas. Devem-se ter as mesmas exigências de padrões de boas práticas industriais tanto para mercado interno quanto para empresas exportadoras. Quando estes produtos entram em zonas de comércio livre, através de países mais permeáveis, facilmente pode ocorrer utilização de princípios ativos inadequados pelas indústrias farmacêuticas locais ou que se proceda somente a reembalagem e reetiquetagem dos medicamentos importados, entrando assim na cadeia de distribuição, mesmo que o país tenha um sistema de vigilância bastante regulamentado.

No Brasil a legislação é bastante severa, a pirataria de medicamentos é considerada crime hediondo, pois atua contra a saúde pública e leva de 10 a 15 anos de reclusão. A ANVISA, juntamente com outros órgãos públicos e entidades do setor de medicamentos promovem campanhas de conscientização para o esclarecimento da população sobre os malefícios do consumo de medicamentos piratas e como diferenciá-los dos originais.

A utilização de cartuchos com aba de fechamento com cola quente (hot melt), selo de segurança e tinta reativa são alguns dispositivos que ajudam a inibir ou dificultar a falsificação.



Está em fase de implantação um sistema de rastreabilidade que consiste na impressão de um código especial no cartucho de cada unidade de medicamento que traz o nome do laboratório, para qual distribuidora ele vendeu seu produto e para qual farmácia a distribuidora repassou e o consumidor poderá conferir os dados através de um leitor que poderá estar disponível no ponto de venda.



JAPN, 17 de Janeiro de 2010.

REFERÊNCIAS

http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs275/en/index.html

http://www.bayercontrapirataria.com.br/site/identificando-produtos-falsificados.asp

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090908/not_imp430949,0.php

http://www.panfar.com.br/index.php?lnk=noticia&id=2

sábado, 5 de junho de 2010

O UNIVERSO CONHECIDO EM 6 MINUTOS

DIÁRIO DE BORDO: Voce pode achar que é o centro do universo, você pode até estar no centro do universo, mas a verdade é que você não passa de uma fração de um grão de um pedacinho de uma lasquinha de um nada.Neste video em 6 minutos você vai dos Himalaias ao Big Bang, passando por todo o universo conhecido pela raça humana até agora. Cada estrela, planeta, constelação ou quasar vistos neste video são precisamente o que vem sendo registrado no mais completo mapa quadrimencional do universo, o Digital Universe Atlas, produzido e atualizado constantemente pelos astronomos do American Museum of Natural History. O video é parte da exibição Visions of the Cosmos: From the Milky Ocean to an Evolving Universe e esteve em cartaz em Manhattan até maio de 2010. É só procurar nos meus videos favoritos e clicar. Boa viagem

CRIANDO A CULTURA DA QUALIDADE E DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO.




DIÁRIO DE BORDO: Ao aplicar treinamentos e consultorias em diferentes empresas pude constatar que estas se encontram em vários estágios evolutivos como organizações corporativas no que se refere a uma cultura voltada para a Qualidade e para as BPF. Lendo um artigo de David Markovitz fundador e presidente da empresa GMP Training Systems, Inc. da Califórnia resolvi transformar o artigo em uma ferramenta de diagnóstico que pode ser utilizado pela liderança de uma empresa para avaliar a percepção individual e coletiva sobre esta cultura e assim propor tomada de ações.


As ações explicam mais que as palavras e os melhores ensinamentos são dados pelo exemplo. Estabelecer uma cultura da qualidade dentro da organização a partir da alta gerência cria um ambiente que inspira os funcionários a se orgulharem do seu trabalho e assim seguir as boas práticas instituídas.

Companhias que seguem as normas BPF entendem este conceito. Algumas apresentam a cultura da qualidade, porém outras não. Para criar sua própria cultura da qualidade basta olhar para as companhias de sucesso e aquelas não tão bem sucedidas e ver o que elas estão fazendo.

Entre as companhias que operam dentro do guarda-chuva de um órgão de regulação, aquelas que não observam a cultura da qualidade dentro da sua organização são as que recebem maior atenção dessas agências regulatórias.

Abaixo é apresentado um “checklist” para avaliar o nível de aderência à cultura da qualidade e ao cumprimento das normas BPF de uma companhia regulada. Lembrando que é sempre mais barato investir em atividades que levem à cultura da qualidade do que ter que dispensar tempo e dinheiro com ações corretivas apontadas pelas agencias reguladoras.

Atribua notas de 1 a 10 conforme o nível de concordância com as afirmações abaixo.

1

A alta gerência assume a responsabilidade pela qualidade e o cumprimento das BPF. Este aspecto não é algo delegado para a área da qualidade ou pessoal de assuntos regulatórios.

2

A alta gerência enxerga as questões relativas à qualidade da mesma maneira que as questões de produção.

3

A alta gerência equilibra as necessidades do negócio com os requisitos da qualidade.

4

As normativas BPF são vistas como boas práticas do negócio (BPN).

5

Qualidade e cumprimento com os requisitos BPF são vistos como a única forma aceitável de fazer negócio.

6

Todos da organização reconhecem que é inaceitável correr riscos com relação às BPF.

7

Todos da organização procuram ativamente fazer as coisas certas a todo o momento.

8

A liberdade de expressão prevalece em toda a organização. Todos são encorajados a dizer se algo está errado ou necessita melhoria.

9

Qualidade e cumprimento BPF são vistos com uma oportunidade e não como uma obrigação, e são reconhecidos assim por todos da organização.

10

As pessoas da organização enfocam temas difíceis e não ficam receosas em tomar decisões desconfortáveis se esta é a coisa certa a ser feita.

11

As pessoas da organização se antecipam pro ativamente aos padrões de mudança e de melhoria

12

As pessoas da organização reconhecem outras perspectivas.

13

As pessoas usam o sistema de ações corretivas e preventivas de maneira efetiva.

14

As pessoas utilizam ferramentas e técnicas estatísticas para prevenir problemas

15

O treinamento das pessoas é visto como um investimento, não como um custo.

16

As pessoas são treinadas dentro das suas respectivas áreas de atuação e os treinamentos são bem documentados e registrados.

17

As pessoas são treinadas com base nas BPF atuais, estas normas são aplicadas na rotina de trabalho de cada u,a e os treinamentos são devidamente registrados.

18

As instalações são limpas, arrumadas e ordenadas.

19

Auto-inspeções são realizadas e utilizadas como um processo de identificar oportunidades de melhoria nos sistemas em operação e nos processos.

20

Ações são realizadas a contento para corrigir ou ajustar apontamentos provenientes das inspeções internas.

21

Existe um sistema efetivo de integração de novos funcionários tanto no nível da companhia como no nível departamental.

22

As pessoas utilizam mais as palavras “nós” e “nosso” do que “eles” e “deles”.

23

Existe um nível de estresse sadio e raramente chega a ser angustiante.

24

Um sistema de verificação/dupla verificação é utilizado de forma a não admitir tolerância a erros e enganos.

25

A liderança é visível: perguntam, respondem e ouvem as perguntas dos liderados.

26

As pessoas zelam pelo trabalho que fazem. As pessoas são donas do seu próprio trabalho.

27

As métricas de desempenho são claras, visíveis e entendidas por todos da organização.

28

As pessoas são reconhecidas pelas suas contribuições e existe um sentimento de realização ao final do turno, da semana, do mês, do ano.

29

Existe um sentimento de orgulho por toda a organização.

30

Após uma auditoria externa, os apontamentos são claramente comunicados para todos da organização.

31

Planos de ação para os apontamentos são claramente entendidos por todos da organização.

32

As metas, objetivos, planos estratégicos são claros e entendidos por todos da organização.

Este exercício aplicado individualmente à liderança demonstra a percepção dos pontos fortes e oportunidades de melhoria remetendo cada um à reflexão sobre os comportamentos desejados e condutas inconvenientes que permeiam a organização que carecem de incentivos ou ações corretivas. Aplicado coletivamente em forma de uma pesquisa, pela análise do nível de concordância e discordância de cada item, este exercício pode revelar o grau de alinhamento da liderança para com a cultura da qualidade e a percepção do nível de comprometimento com as normas BPF. Esta avaliação permite que a liderança possa discutir alguns aspectos do resultado obtido para tomada de ações.


INSUMO ATIVO e EXCIPIENTE FARMACÊUTICO: Data de validade ou data de reteste?



DIÁRIO DE BORDO:
É comum no Brasil um insumo farmacêutico chegar ao término do prazo de reteste ou validade durante o armazenamento na empresa produtora de medicamentos. Não é só por falta de planejamento, mas, na maioria das vezes, é porque o Brasil ainda é um produtor incipiente de farmoquímicos tendo que importar a grande maioria dos insumos. Devido ao sistema de cotas imposto pelos fabricantes e importadores, as indústrias produtoras de medicamentos são obrigadas a importar quantidades excedentes ao seu consumo. Esta situação contribui para perda da margem de lucro e geração de resíduos deixando as indústrias aqui sediadas menos competitivas.


Esta é uma questão ainda polêmica para as agências reguladoras, para os fabricantes de farmoquímicos e para as indústrias de medicamentos. Os guidelines internacionais não são específicos sobre a questão de data de reteste ou data de validade ou expiração para os Insumos Farmacêuticos (IFs).

Em 1987 um guia do FDA denominado Guideline for Submitting Documentation for the Stability of Human Drugs and Biologics sobre estabilidade refere-se somente à “data de expiração quando requerido”. Após esta publicação tanto as indústrias como as agencias de regulação começaram a desenvolver um melhor entendimento sobre a necessidade estabelecer um período de validade para os IFs.

Com a publicação do ICH Q7A Good Manufacturing Practice Guide for Active Pharmaceutical Ingredients em 2000, o conceito da data de reteste começa a ser mais utilizado do que a data de expiração, onde se estabelece que a data de expiração ou reteste de um IF deve ter como base os dados provenientes dos estudos de estabilidade. O ICH Q7A define os termos como:

Data de expiração: É a data colocada no rótulo do volume de um determinado IF designando o tempo durante o qual é esperado que este permaneça dentro das especificações estabelecidas se armazenado nas condições definidas pelo fabricante do IF. Após esta data o insumo não pode ser mais utilizado.

Data de reteste: É a data quando o material pode ser re-analisado para se garantir que ainda o IF está adequado para o uso.

A utilização da data de expiração é reservada para os IFs que são menos estáveis e que apresentam uma clara indicação de que o material tende a sair fora da faixa de especificação com o passar do tempo ou quando existe um requisito específico.

Período de re-certificação após o reteste. Embora não haja dúvidas sobre os dois conceitos, continua ainda o debate sobre como estabelecer o novo período de reteste e a data de reteste. Existem duas correntes de pensamento:

1 – Após um período inicial de reteste ser estabelecido pelo fabricante, o IF deve ser testado para determinar se ainda cumpre com as especificações apropriadas e então ser utilizado imediatamente. A utilização continuada do lote em questão é aceitável à medida que o material for ensaiado antes de cada uso.

2 – Após um período inicial de reteste, o IF deve ser testado para determinar se ainda cumpre com as especificações apropriadas e uma nova data de reteste é estabelecida com base na avaliação dos dados de estabilidade do material.

A questão entre as duas correntes sobre o uso após reteste paira em quem realiza o reteste: o fabricante do IF ou o fabricante do medicamento. A corrente da utilização imediata apresenta o racional do fabricante do medicamento por não ter os conhecimentos mais detalhados e dados suficientes sobre o insumo e sim somente as informações obtidas na aquisição do IF. Por outro lado o fabricante do IF consegue estabelecer uma nova data de reteste baseada nos dados de estabilidade disponíveis sobre o lote e o histórico de lotes previamente manufaturados tendo assim condições de demonstrar a estabilidade do IF sobre determinadas condições de armazenamento.

No Brasil a RDC 210/2003 adotou o prazo de validade ou expiração como a data limite para utilização do IF considerando ainda que exista um programa de re-análise dos IFs em estoque respeitando o prazo de validade estabelecido pelo fabricante ( item 13.2.10 da norma e itens 3.2.10; 3.3.9; 3.3.10; 3.3.10.1 do roteiro de inspeção). Já a nova RDC 17/2010 adota o conceito da data de reteste como sendo a data estabelecida pelo fabricante do insumo, baseada em estudos de estabilidade, após a qual o material deve ser re-analisado para garantir que ainda esteja adequado para uso imediato, conforme testes indicativos de estabilidade definidos pelo fabricante do insumo e mantidas as condições de armazenamento preestabelecidas. A data de reteste somente é aplicável quando o prazo de validade não foi estabelecido pelo fabricante do insumo.

A adoção da definição de data de reteste pela nova RDC para o IF implica em: caso o IF possua prazo de validade, essa data deverá ser obedecida e após vencimento, o material deverá ser destruído. Se possuir data de reteste, o insumo poderá ser utilizado, desde que a empresa fabricante do medicamento faça o reteste. Os testes serão definidos pela empresa, em função da relevância deles para assegurar a estabilidade do material. Após o reteste, o uso deverá ser imediato (máximo 30 dias*). Se for usar depois, terá que fazer novo reteste. Não se aplicam juntos os critérios “data de validade” e “data de reteste”. (* vide Relatório da Reunião entre o Grupo de Trabalho (GT) da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil (ALFOB) Consulta Pública nº. 3/09 e ANVISA em 09 de Junho de 2009).

O insumo também poderá ser enviado para o fabricante do IF para realizar o reteste (neste caso o fabricante do IF poderá aplicar um novo período de reteste que pode ser de 3, 6, 12 ou 24 meses baseado nos estudos de estabilidade do IF).

Conclusão. Enquanto as discussões continuam e as partes envolvidas entram num acordo para que as normas estabelecidas sejam revisadas, alguns procedimentos podem ser aplicados:

  • Se o IF for re-analisado pelo fabricante do medicamento e cumpre com as especificações:
    • Ao final do período de reteste, o lote deve ser utilizado imediatamente (isto significa dentro de trinta dias);
    • Após trinta dias, o lote deve ser re-analisado novamente e assim sucessivamente até o seu consumo total.
  • Se o IF for analisado pelo fabricante do IF e cumpre com as especificações:
    • Ao final do período de reteste, uma nova data de reteste pode ser estabelecida;
    • Dentro do novo período de reteste, o IF pode ser usado sem análise adicional desde que esteja armazenado dentro das condições estabelecidas;
    • Um lote de IF pode ser re-analisado múltiplas vezes e sucessivas datas de reteste podem ser fixadas
    • Sucessivos períodos de reteste não podem ser mais longos que o período de reteste anterior.

REFERÊNCIAS

ANVISA – RDC nº. 210 Regulamento Técnico das Boas Práticas para a Fabricação de Medicamentos, 2003.

ANVISA – RDC nº. 017 Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos, 2010.

FDA - Guideline for Submitting Documentation for the Stability of Human Drugs and Biologics, 1987

ICH - ICH Q7A Good Manufacturing Practice Guide for Active Pharmaceutical Ingredients, 2000

ALFOB - Relatório da Reunião entre o GT da ALFOB Consulta Pública nº. 3/09 e ANVISA em 09 de Junho de 2009

PhRMA (The Pharmaceutical Research and Manufacturers of America) - PhRMA Perspectives on Drug Substance Regulatory Filing Issues Starting Material, Reprocessing, Retesting, and Critical Controls (by Tom Cupps, Betsy Fritschel, Wendy Mavroudakis, Michael Mitchell,* Dave Ridge, and Jean Wyvratt), Pharmaceutical Technology FEB. 2003


O QUE É EXCELÊNCIA DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES?


DIÁRIO DE BORDO: A motivação para escrever este texto veio de duas situações. A primeira uma palestra que dei na FCE de 2008 cujo tema era Gestão da Qualidade levando-se em consideração a proposta de revisão das Boas Práticas de Fabricação para o século 21 do FDA. E outra um treinamento “in company” que está se desenvolvendo este ano, intitulado Processo para Educação da Qualidade (PEQ) com o objetivo de alinhar os conceitos da filosofia Philip Crosby com o pensamento Lean e as ferramentas da metodologia Six Sigma. As duas ocasiões foram momentos de intenso estudo e grande aprendizado.







A chave para o sucesso dentro de uma Organização é ser bem sucedida em seus propósitos e o mais desafiador é manter o sucesso ao longo do tempo. O cenário corporativo atual nos remete a uma nova ordem mundial onde ocorrem três fenômenos:

- a Globalização que se constitui numa internacionalização da economia e comércio levando a uma espetacular competitividade;

- a Liberalização onde existe uma diminuição do poder dos países e uma formação de blocos econômicos mundiais;

- e a corrida pela Excelência motivada pelas contínuas transformações tecnológicas e a integração dos elos da cadeia produtiva.

As estratégias de gestão dentro deste ambiente competitivo, complexo e dinâmico são:

- gerenciar as contínuas inovações,

- agregar maior valor ao público alvo e;

- trabalhar com todos os cenários possíveis.

E isto é muito difícil!

A equação do sucesso a ser resolvida é função de uma eficiente gestão dos recursos disponíveis e um grande foco nos resultados para o atingimento das metas de maneira eficaz. Nestes dois braços da gestão temos dois elementos que devem andar juntos de forma ponderada: a Qualidade e a Produtividade.

O pior dos mundos é viver no quadrante da baixa produtividade e baixa qualidade: a Organização poderá até conseguir um sucesso efêmero, porém será medíocre e estará fadada ao desaparecimento por não conseguir ser competitiva.

Ao acelerar-se a produtividade em detrimento da qualidade o resultado do sucesso pode ser imediato, mas não será duradouro.

Por outro lado ao levar-se em consideração somente a qualidade em detrimento da produtividade, o alto custo pode não ser sustentável. A Organização experimentará a chamada vitória de Pirro - na construção do império Romano Pirro, rei de Épiro, foi um grande opositor de Roma. Na batalha de Ásculo saiu vitorioso, mas com muitas perdas, e então disse a seguinte frase: - Mais uma vitória dessas e estamos perdidos...

A única saída para o sucesso permanente é manter uma alta qualidade com uma alta produtividade e a manutenção destes dois elementos só se consegue através da obtenção de um baixo custo de conversão para manter uma margem de lucro significativa praticando preços competitivos.

E como se faz essa mágica? Aí entra em jogo como estão dispostas as engrenagens da aquisição, da produção e das vendas; e como elas são movimentadas pelas pessoas da Organização. Aqui entra a gestão dos diferenciais: gerar um ambiente para agir de modo proativo procurando fazer certo da primeira vez e estimulando a conduta do zero-defeito; criar canais para captar as oportunidades de melhoria; estabelecer uma política de retenção dos talentos individuais e investir no treinamento das equipes; aplicar-se na gestão do conhecimento do produto e do processo fomentando projetos estratégicos de melhoria e ter como leme indicadores de desempenho de fácil entendimento por todos.

Assim a produtividade e a qualidade não serão mais medidas pela capacidade de gerar bons produtos, mas sim pela capacidade de gerar valor. Portanto, lembre-se: trabalhar com qualidade é bom; trabalhar com qualidade e produtividade é ótimo. Porém trabalhar com qualidade, produtividade e baixos custos é EXCELENTE.